domingo, 19 de fevereiro de 2012

UM JEITO NOVO DE SER IGREJA

Por Antônio Francisco

Pesquisas afirmam que os evangélicos no Brasil chegam a 20,2% da população, enquanto outras dizem ser de 51,1 milhões. Com esse crescimento, acredita-se que em 2020, mais da metade da população brasileira, cerca de 105 milhões de pessoas serão evangélicas. Ou seja, em apenas dez anos, a maioria dos brasileiros será protestante.

Difícil será constatar uma maioria “evangélica” que não faz diferença, sal que não salga e luz que não brilha. Daqui a pouco a maioria da população será evangélica, teremos um presidente da República evangélico, o país estará “evangelicado”, mas pouco influenciado pelo Evangelho.
Alguns dizem que a “igreja evangélica” cansou; eu diria que ela caducou. Os paradigmas eclesiásticos tradicionais têm provocado um grande êxodo no meio “evangélico”. Muitos se cansaram de profecias (profetadas) não cumpridas, bizarrices impostas por líderes déspotas, estruturas hierárquicas que mais lembram uma companhia militar que uma família de fé, lideranças que julgam e expõem impiedosamente pessoas. Tudo isso tem feito com que muitos abandonem os templos “evangélicos” e procurem maneiras alternativas de praticarem a fé. A “igreja evangélica” é o lugar mais político que existe na sociedade. Palavras como eleição, voto, quórum, assembléia, ata, maioria, convocação, chapa, mandato, diretoria, presidente, líder, mesa executiva, e outras semelhantes, são bem conhecidas por eles.
Uma palavra que resume esse êxodo é: decepção. Quem já esteve lá sabe do que estou dizendo. O que se diz não condiz com o que se vive. Paira no ar a forte sensação de insatisfação nesse meio. A institucionalização da fé foi e é a desgraça do cristianismo desde Constantino no IV século. Nem mesmo a Reforma Protestante superou esse problema. As pessoas não suportam viver debaixo de um sistema que cobra e gera culpa provocando nas pessoas o sentimento de desqualificação para agradar a Deus. No meio “evangélico” o desempenho substituiu a fé em Jesus, o descanso foi trocado pelo enfado da “consagração”. A “igreja evangélica” não aceita em sua membresia quem entrega sua vida a Jesus, a menos que a pessoa seja moral, política, legal e civilmente correta. A Bíblia e o estatuto da igreja andam juntos.
O jeito novo de ser igreja que as pessoas estão buscando, é nada mais que o jeito inicial, conforme o Evangelho de Jesus, que disse: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Eu creio que Deus está começando a desmobilizar os impérios “evangélicos”, as hierarquias eclesiásticas, e fazendo o povo entender que ser igreja é ser de Jesus, é se relacionar em amor com as pessoas sem fazer acepção de ninguém, é não depender de um local, mas apenas usar o que for conveniente, é não regular a vida das pessoas com regras e perguntas questionadoras, é não ficar refém de uma comissão que se julga falar em nome de Deus para controlar vidas incautas, é não ser chamado de ladrão por não concordar em sustentar financeiramente um sistema que não merece ser mantido. Ser igreja é ser livre para viver conforme a consciência que cada um tem do Evangelho de Jesus.
O pastor Ariovaldo Ramos disse: "O Novo Testamento começa com Deus fora do Templo, e termina com Jesus fora da Igreja". Essa frase mostra que Deus não pode ser sistematizado nem engaiolado. Quando é que a "igreja evangélica" vai acreditar que Jesus não entregou as credenciais de sua igreja para ninguém. Ele é o Senhor e o fundamento da igreja. Ele próprio é o Advogado da Igreja e não passou procuração para ninguém. A Igreja é um movimento livre na história.

Ninguém detém o poder sobre a Igreja. O vento do Espírito sopra onde quer. Todos os que crêem em Jesus são seus discípulos. Desse modo todos são ensinados por Deus como escreveu o apóstolo João. Jesus não é "evangélico". Aliás, para ser do Evangelho, a pessoa tem que deixar de ser "evangélica". As duas coisas são bem diferentes. Há um outro Jesus, um outro evangelho, e um outro espírito que nada têm em comum com a revelação bíblica. É disso que precisamos fugir para sermos a Igreja que Jesus quer que sejamos. Não tenha medo de romper com o sistema eclesiástico vigente. Muitos já entenderam a verdade, mas continuam com medo de deixar a falsa segurança que a instituição lhes proporciona. Mas é preciso tomar uma de-cisão.
Pare de viver debaixo do tacão da religião, vivendo de desempenho e não da fé comum que de uma vez por todas foi entregue aos santos. Jesus continua batendo na porta, não a porta dos templos (prédios), mas dos corações cansados e sobrecarregados. Ele nos oferece alívio para a alma, pois o seu jugo é suave e o seu fardo é leve. Ele não esmaga a cana quebrada, nem apaga a torcida que fumega. É tempo de mudar, de romper com a religião, é tempo de viver pela fé em Jesus.

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