quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"MORTO-VIVO", HOMEM É AVISADO E RESOLVE IR AO PRÓPRIO VELÓRIO



Dois homens se parecem, trabalham em locais próximos -lavando carros-, não têm documentos, moram nas ruas e são usuários de crack, segundo a polícia.

Quando um morre, a família do outro é avisada, faz o reconhecimento no IML e vela durante 16 horas o corpo do suposto parente.

E tinha tudo para que um fosse enterrado como o nome do outro, não fosse o fato de Gilberto Araújo Santos, 34, ("o outro") ter resolvido aparecer no velório de Genivaldo Santos Gama ("o um").

O caso ocorreu segunda-feira, em Alagoinhas, interior da Bahia. "Teve gente desmaiando, assustada, e tem criança até agora com medo", conta Ana Paula Conceição, cunhada do falso morto.

A confusão começou quando surgiu a notícia de que um lavador de carros fora assassinado. "Ligaram para meu marido e disseram: 'Mataram seu irmão'", diz a cunhada.
No IML da cidade, a informação era de que dera entrada o corpo de um homem negro, com as características de Gilberto, sem documentos.

O irmão José Marcos foi quem reconheceu o corpo, que vestia uma bermuda com estampa parecida com a que Gilberto costumava usar.
O corpo foi velado, na presença de dezenas de amigos e parentes, entre eles a filha e a mãe de Gilberto.

"Um amigo viu ele no centro e avisou que a família estava velando seu corpo", afirma Ana Paula. Gilberto ligou para casa, mas a sobrinha pensou que era trote.

Ontem, um grande almoço foi organizado para festejar a "volta" dele, que passou a ser chamado de Gilberto Morto-Vivo. "Até que gostei do apelido. Estou tão feliz de saber que minha família me ama e se preocupou comigo", diz.

O delegado de Alagoinhas, Glauco Suzart, disse que outra família reconheceu o corpo como sendo de Genivaldo.
Segundo ele, os procedimentos legais foram iniciados para reverter o equívoco.

por VALMAR HUPSEL FILHO de São Paulo

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