quinta-feira, 8 de novembro de 2012

SE O CÉU É PARA TODOS, QUAL O PROBLEMA DISSO?
    

“Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”

(1 Timóteo 2:3-4)

 

Não tenho nenhum problema de chamar todos de irmãos, creiam elas no que creiam ou mesmo os que dizem não crer em nada. Vendo-as no céu, não me surpreenderei, pois meu desejo mesmo é que todos gozem dos benefícios do Reino.

 

Então podem me perguntar: “Isso quer dizer que você acredita que todos irão para o céu?”.

 
Honestamente, não sei, mas sinto que essa é uma possibilidade total. Não seria uma heresia do Eterno Misericordioso.
 
“Sendo assim, porque você perde tempo em pregar o Evangelho?” – seria outra reação.
 
É que todos esses que foram criados pelo mesmo Pai, mas que se afastaram histórica, existencial e espiritualmente Dele, precisam rever seus caminhos para gozar aqui e agora os benefícios do favor de Deus.
 
A despeito da ideia de um inferno pós-morte, muitos neste mundo já carregam um inferno no coração, experimentam a dor e o ranger de dentes todos os dias. Sou testemunha disso por anos, seja como pastor, seja atualmente como psicanalista. Eu diria até que carregam infernos, pois o inferno tem suas dimensões dentro do coração humano. Ela vai deste o nível físico até o espiritual, passando pelo social e psicológico.
 
A grande maioria das pessoas que conheço que transformaram o “inferno” no tema de sua “evangelização” ou a motivação para pregarem a “Cristo”, são pessoas rancorosas, sem consciência real de perdão, mal resolvidas com a Graça e a Bondade de Deus. É gente que dificilmente se vê e que por isso só conseguem ver os defeitos dos outros. São capazes de engolirem um camelo e de se engasgarem com um mosquito. É gente que se blinda de pseudo-santidade e de justiça própria. Algumas delas até parecem generosas e piedosas, mas não suportam a possibilidade de que Deus poderá restaurar a todos no final. Menos que isso: não suportam ver alguém cair, levantar e caminhar de novo. É quando o bem de Deus faz mal para gente assim.
 
Costumo lembrar a alguns sobre o caso do ladrão que estava ao lado de Cristo na cruz. Se não estivesse registrado o que Jesus pode falar para ele – “Hoje estarás comigo no paraíso” – fatalmente aquele homem estaria no inferno para a maioria dos chamados “cristãos”.
 
Há! Se o todo o homem soubesse mais de si mesmo e pudesse enxergar a sua própria miséria e maldade, o “Vale de Hinon” que carregam dentro do coração, não precisariam recorrer ao “inferno” ou ao “diabo” para convencer o outro ou a si mesmo de que precisam de salvação.
 
Nossa primeira salvação se dá quando vencemos o inferno da presunção de que somos alguma coisa sem a graça de Deus. A primeira experiência de salvação se dá quando somos convencidos pelo Espírito de que somos pecadores, portanto, gente doente e carente da glória e da graça de Deus. Neste dia dar-se inicio a um processo de libertação das algemas, das doenças, da cegueira de quem vive num inferno e não sabe ou não quer admitir.
 
Pois é, prego por isso. Prego pensando nisso. Prego motivado por isso… Por essa convicção de que todo inferno no coração humano pode se transformar em céu.
 
Mas claro, não falo de um céu pleno, mas ainda assim de um céu, de um Reino que está sobre todos os reinos humanos, mas que pode está perfeitamente no coração humano, aqui e agora, apesar das nossas relatividades; fazendo de seres humanos, cada vez mais humanos de verdade.
 
Além do mais, prego o Evangelho, porque o Evangelho é Boa Notícia e uma boa notícia não deve e não pode ser guardada só para si.
 
Eu não conseguiria. Eu não consigo!
 
Assim como não conseguiram calar a boca aqueles quatro leprosos do Segundo Livro dos Reis (cap.7), que padeciam fome às portas de Samaria da antiga Israel, uma cidade sitiada pela Síria no tempo do profeta Eliseu. Isso ocorreu provavelmente por volta do ano 850 a.C.
 
A história conta que eles não poderiam entrar na cidade, pois havia fome, além de que não seriam aceitos por serem leprosos. Eles entenderam também que se ficassem apenas esperando, ali morreriam de fome de todo jeito. Havia uma possibilidade de serem aceitos pelos sírios em seu acampamento, mas também não, eles poderiam ser mortos.
 
O fato é que decidem ir, vão como leprosos em busca de salvação e milagrosamente encontram o que precisavam.
 
O mais belo dessa história para mim, sempre que a li, é que aqueles homens encontraram mais do que comida e bebida. Eles foram envolvidos por uma consciência tão forte e de um sentimento de alegria e gratidão tão intensos que chegam a dizer:
 
“Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; por isso agora vamos, e o anunciaremos à casa do rei”.
 
Sim! Calar-me diante do que o Eterno fez por mim me traria um grande pesar de consciência e não por medo do castigo, mas por está tomando um rumo anti-natural ao fluxo da gratidão de um coração que se vê perdoado.
 
Ou seja:
 
Quem um dia foi apresentado ao Banquete da Reconciliação (leia Mateus 22) não tem outra atitude que não seja a de convidar outros, de todos os cantos e recantos da existência, para celebrar a Vida do Cordeiro Eterno. Tal atitude, a de anunciar e convidar, com palavras e obras, é um privilégio e uma glória para mim, por isso Paulo diz o que diz e com ele faço coro:
 
“Ai de mim se não anunciar o Evangelho!”
 
Eu estaria abrindo mão de uma grande benção!
 
Se o céu é para todos no final da história toda, isso não será um problema para mim, antes minha alma exulta em saber que o meu nome está arrolado no Livro da Vida e por tal razão ponho-me a disposição do meu Senhor para ser anunciador desse convite do Reino à todos!
 
Quem me leu, entenda.
 
Que venham todos!
 
Samuel Andrade

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