sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O religioso e o pecador

Tenho pensado em como Jesus foi duro com os religiosos de seu tempo. Ao mesmo tempo em que demonstrava profunda compaixão pelos pecadores, direcionava palavras tão francas para aqueles que lideravam espiritualmente o povo que era como se os deixassem nus aos olhos de todos. Jesus expunha-lhes a alma publicamente e esperava que eles examinassem a si mesmos.
Não é difícil saber o porquê Jesus parecia preferir os pecadores aos religiosos. A parábola do Fariseu e do Publicano narrada no Evangelho de Lucas (18:9-14) esclarece um pouco acerca dessa preferência: Jesus a contou para que “alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros” (v. 9) pudessem entender uma verdade: “pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (v. 14).
O interessante – e triste – é que observo um comportamento um pouco diferente em boa parte da Igreja de Jesus (corpo) de nosso tempo. Que a Igreja deve pregar o Evangelho, utilizando de franqueza acerca da Verdade, do amor de Cristo, da Salvação e denunciar o pecado, eu não tenho dúvidas. Mas a Igreja tem insistido em pregar contra os pecadores, ao mesmo tempo em que ela se omite a denunciar as aberrações doutrinárias criadas a partir de denominações que visivelmente estão interessadas em fama, poder e enriquecimento, numa manipulação religiosa descarada.
Recordo-me de quando li no livro Maravilhosa Graça, do Philip Yancey, que a Igreja deixou de ser, ao longo dos anos, um lugar para o qual os pecadores desejam ir. Em algum momento da história a Igreja deixou de ser um local para os doentes, os famintos por Deus, os desesperados, os pecadores. Ela se tornou um lugar para pessoas “perfeitas”. E gerações de pessoas começaram a esconder suas falhas, dificuldades de caráter e problemas com o pecado e começaram a vestir suas melhores roupas: cheias de medo, falsidade e hipocrisia.  E herdamos tudo isso.
O que me dá esperança é que o Espírito de Deus age através de seu povo e nem tudo está perdido. Enquanto uma porção de crentes perde tempo na TV, Rádio, mídias impressas e em diversas plataformas da Internet hostilizando tudo e todos os que são contrários aos seus princípios, outros utilizam boa parte dos mesmos recursos para denunciar os religiosos de nosso tempo e acolher pecadores.
O cristão deve olhar o Evangelho e ser impactado por uma verdade: Deus acertou a nossa situação com ele por meio de Jesus Cristo e sem a graça divina não há esperança, pois nunca fomos tão bons assim! Na parábola do religioso e do pecador, deveríamos nos identificar sempre com o pecador, jamais com o homem que se achava justo o suficiente para obter qualquer favor de Deus.

por Andréa Cerqueira