quarta-feira, 18 de junho de 2014

EVANGELHO É PARTILHA 

    

Por algum tempo tentei responder essa pergunta (O que é Evangelho) teologicamente, segui o caminho que muitos trilharam e trilham que é o de conceituar esse termo. O fato é que sempre estamos afirmando que evangelho é isso ou é aquilo, não é isso ou não é aquilo.
Daí, não deixando de respondê-la teologicamente e no decorrer da minha caminhada de fé entre pessoas adotei um conceito que aparece no decorrer das escrituras que é: Evangelho é antes de tudo PARTILHA.

A partilha está presente nas doutrinas cristãs como a trindade, Deus em “partes” ou se “partindo”, na encarnação que é Deus se fazendo homem para partilhar a vida entre os humanos, na ceia que é a partilha do pão e do vinho, ou seja, comunhão e partilha entre pessoas e alimentos, morte e ressurreição, um se dá por todos afim de que todos sejam um, enfim, a partilha é um chamado radical para nós humanos que somos ou fomos tão acostumados a não partilhar, nem a vida nem os bens.

Quando Jesus universaliza o conceito de família afirmando que todo aquele que faz a vontade de seu pai é seu irmão e nos ensina que nessa vida ainda ganharíamos muitos irmãos, pais e mães entendo que desejava que partilhássemos do que já vivemos em uma família nuclear para uma fraternidade universal, onde nos trataríamos com respeito, cuidado e amor.

A parábola do Samaritano também nos ensina sobre a partilha de alguém que não tinha laços sanguíneos, religiosos ou sociais, mas que ao ver seu semelhante em estado deplorável partilhou seu tempo, seu esforço, sua vida e seus bens a fim de restabelecer aquele ser ao seu estado normal de saúde.

Nos milagres das multiplicações, a partilha é algo bem presente, ou seja, o desejo de que outros provem do que é meu ou nosso. É esse desejo, que é bem expressado e vivido por Jesus enquanto caminhava que seus seguidores precisam expressar.

Quando te vimos assim Senhor, perguntaram alguns perplexos, quando Jesus disse que estava naqueles que viviam com fome, sede, nus e presos. Não foi a ti que fizemos, fizemos o que tínhamos vontade de fazer, partilhamos o que tínhamos: comida, água, vestimentas e tempo para visitá-los. Pois bem, disse Jesus, toda vez que fizeram por esses fizeram a mim.

De Jesus saía até poder para curar sem intenção, pois quem vive uma vida de partilha sempre tem algo a dar. Quem está perto de quem partilha sempre é abençoado.

Vida partilhada, vida dividida, vida dada, vida que dá a vez ao outro.

O Deus revelado em Jesus é um Deus partilhado, dividido, que une partes diferentes para comunhão de um todo no amor.

O que é contrário à partilha? O todo, o completo, o acabado, o pronto, o terminado! Pois quem partilha é em partes ou é parte de um todo. O que está em parte se completa juntando-se com outras partes. Daí a riqueza da trindade, as partes formam um, mas cada parte tem seu papel na formação do todo, mesmo que em cada parte esteja contido o todo.

Fazer discípulos não é fazer de alguém um repetidor de afirmações doutrinárias e dogmáticas sobre Deus, Jesus, Igreja e todo o restante dos castelos teológicos criados no decorrer dos séculos. Discípulo de Jesus, assim como ele, precisar partilhar a vida com outros no caminho.

Quem quer vir?

Airton Junior