domingo, 27 de abril de 2014

AINDA SABEMOS QUAL É NOSSA MISSÃO?


Estamos perfeitamente acostumados com a grande comissão. A orientação de Jesus registrada no último capítulo do evangelho de Mateus nos é tão familiar, que se tornou padrão e fundamento para a missão da igreja.

O curioso é que, segundo a evidência apresentada pelo Novo Testamento, a grande comissão não foi a motivação principal da missão na igreja do primeiro século. A difusão do evangelho nos primeiros anos do cristianismo não foi resultado de uma obediência a uma nova “lei” imposta por Cristo, mas o resultado natural da nova vida comunicada e inspirada pelo Espírito. A obrigação de pregar o evangelho não depende da letra, mas do Espírito de Cristo; não do que ele ordena, mas sim do que ele é, e o Espírito de Cristo é o Espírito do amor, da compaixão e do anelo de Deus por aqueles que estão afastados dele. Isso moveu a igreja. Isso deveria nos mover hoje.

Mas nós somos a geração que cresceu ligada aos edifícios, eventos, departamentos e uma ampla variedade de bens e serviços projetados para atrair e entreter as pessoas. Jesus nos disse para ir por todo o mundo como embaixadores, mas as igrejas hoje têm mudado a ordem “ir e ser”  para o convite “vir e ver”.

A igreja não existe para satisfazer às demandas de crentes consumidores; ela existe para equipar e mobilizar homens e mulheres para a missão de Deus no mundo. O propósito fundamental de uma igreja não é chegar a ser grande numericamente, ou rica materialmente, ou politicamente poderosa. Essas coisas podem acontecer, mas seu maior propósito é encarnar os valores do reino de Deus e testificar do amor e da justiça revelados em Jesus Cristo, em função da transformação da vida humana em todas as suas dimensões, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.

Ainda vivemos a dicotomia entre missionários, chamados por Deus a servi-lo, e cristãos comuns, que desfrutam dos benefícios da salvação, mas estão fora da obra que Deus quer fazer no mundo. Reduzimos a missão a um esforço missionário transcultural. A missão pode ou não envolver o cruzamento de fronteiras geográficas; porém, em qualquer caso, envolve primordialmente o cruzamento da fronteira entre o que é fé e o que não é, e isso, pode ser no coração da África, na rua onde moro ou no centro comercial onde trabalho.

A grande comissão não é um “mandato evangelístico” que fundamenta a ideia de que a preocupação central da igreja deve ser a conversão de indivíduos e o estabelecimento de igrejas.
É, mais do que isso, um chamado que o Senhor ressurreto faz à igreja para que ela se dedique a formar homens e mulheres que reconheçam seu senhorio universal, se integrem ao povo de

Deus e executem o mandato de Jesus, que inclui todos os aspectos da vida humana.
É, em outras palavras, um chamado à missão integral, uma convocação para participar na formação de cidadãos do reino de Deus dispostos a obedecer a ele em tudo.

Em nossas igrejas temos mais equipado ou entretido os crentes?
Estimulamos nossos irmãos a viverem em missão por onde andam ou a possuíram apenas frequência em nossos cultos?


por Roberto de Assis

sábado, 12 de abril de 2014

PRÁTICA MISSIONAL

 

Desde meus primeiros passos no Evangelho eu senti a dificuldade que era ser cristão e ser quem eu sou ao mesmo tempo.

Queria e me esforçava para viver tudo o que a Bíblia dizia, havia colocado um propósito em minha vida de viver todas as verdades bíblicas, não importasse o custo que isso viesse a ter.
Desde lá tenho me esforçado para, um passo de cada vez, colocá-la em prática em minha vida.

No processo de conversão abandonei as práticas pecaminosas conforme o Senhor me fortalecia e assumia áreas em minha vida. A cada vez que me rendia e me entregava a Ele, Ele ia assumindo as áreas e tomando o controle pouco a pouco.
Como eu sempre fui uma pessoa que gosta de se aprofundar em todo e qualquer assunto em que se meta, comecei a me envolver com os assuntos de Deus e buscava sempre dar mais de mim a Ele, eu sempre quis viver os dons do Espírito Santo e sempre quis estar envolvido mais e mais com a obra Dele, o que me instigava a novas entregas, novas buscas e buscar maiores níveis de comunhão.
Eu sabia que esse processo demoraria anos para amadurecer, então não queria perder tempo, e a cada dia era um novo dia de busca.

Como resultado disso, a cada perído de tempo, eu tinha testemunhos e histórias pra contar, e a presença de Deus se tornava algo cada vez mais identificável para os que conviviam comigo.
E alguns de meus parentes e amigos mais próximos foram se convertendo.
Pouco a pouco, fui tomando conhecimento de meu chamado missionário. Motivado pela força como o Senhor me abençoou profissionalmente, me possibilitando conhecer vários estados do Brasil e outros países, e entendendo o porquê de eu me interessar tanto por conhecer e entender outras culturas, comecei a valorizar isso tudo do ponto de vista missiológico, buscando a cada oportunidade utilizar essas observações para levar a Palavra para pessoas de diferentes realidades.

Com o tempo, eu percebi que diversas pessoas permaneciam não alcançadas ao meu redor, e num determinado momento parei para analisar a minha vida e quanto eu havia deixado de lado a prática das coisas que gosto tanto de praticar, e dos meus momentos tão esperados de lazer que estavam a cada ano mais raros.
Em um momento de estresse muito intenso fui parar no hospital e o médico me perguntou sobre quando foi o último momento de descanso e lazer de dois dias que eu havia tido, e não pude me lembrar nos últimos meses.
Eu nunca pude negar quem eu era, os meus gostos de esporte e lazer não mudaram no processo de conversão, mas minha prioridades de tempo haviam deixado de lado o que me relaxa e me deixava feliz.
Sempre fiquei muito feliz em fazer a obra de Deus e ver os frutos, mas quando o ativismo tomava as rédeas, o prazer e a alegria cediam lugar ao cansaço e a frustração.

E algo que sempre me intrigava, era como eu podia ser usado para alcançar pessoas diversas, e via pessoas tão parecidas Quando eu separava um tempo pra jogar basquete, pra andar de skate ou de car, e até me arriscar no surfe e nas caminhadas de aventura em montanhas, eu me sentia tão feliz e conseguia várias ilustrações para as pregações. E quantos eu conhecia que gostavam das mesmas coisas que não estavam sendo alcançados? Isso realmente mexia com minha mente.

Mas para quem já esteve preso no ativismo alguma vez sabe o quanto a ação vicia, e traz auto-justificação. Você se sente melhor por pensar que está se doando pela obra, privando a si mesmo de tempos e ocasiões importantes para você.
Deus não idealizou isso para nós…

Hoje me vejo como um missionário por onde ando, procuro separar meus tempos de família, convívio com amigos e lazer semanalmente, aplicando os princípios e as verdades bíblicas no dia-a-dia e despertando pessoas mais difíceis de alcançar para um evangelho prático, fora das paredes dos templos, que as ajudam a superar experiências frustrantes com o cristianismo teórico e com os falsos ministros que puderem ter no passado.

Ser um ministro missional para mim, e viver naturalmente sendo quem eu sou e encarnando o evangelho no meu cotidiano. Obrigado Deus pela prática do evangelho.

by Rogério